20081107

Diálogos

Um andarilho se depara com duas pessoas, um homem e uma mulher, que conversam sobre suas perspectivas relacionadas à humanidade no alto de uma paisagem paradisíaca. Fica um dado momento a ouvir a conversa, enquanto olha para o horizonte natural, e num certo ensejo replica-lhes com sua opinião o assunto.


— Ouçam vocês que são privados de ações e se empanturram de teorias. Feliz do homem que ama seu próximo e a si mesmo, pois não precisará de governo, nem de leis, nem de dinheiro, caso aconteça de seus iguais o seguirem.


Assustados e impressionados com sua interferência um dos dois lhe difere uma pergunta. Com intuito maior de cessar-lhe a atenção do que por gosto em atiçar a curiosidade. Ainda sentado, a observar suas roupas decrépitas e sujas, mochila nas costas, cabelos longos e desgrenhados, e aparência digna de pena, diz:


— Como consegue pensar assim, senhor, vivendo sem nada e ignorado por todos?

Eis que ele responde, com ares de divagação e afastando-se lentamente:


— Primeiro, filho, minha vida é uma negação extremada a isso que vocês chamam de civilização. Não contribuirei com isso. Segundo, meu caro, sua pergunta deveria ser “como a humanidade consegue pensar assim, isolada de tudo no infinito profundo, dependente de apenas si mesma que é seu pior predador?”


O andarilho se vai, desaparecendo no horizonte, enquanto os dois, num silêncio aflito, ficam a observar sua ida...


Partira o anti-reflexo da consciência dos homens.

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