20090528

À MEMÓRIA COLETIVA



Filosofia do Consciente Coletivo

Todo fim de mundo pressupõe o recomeço de outro, dado a transitoriedade das coisas. Alguns planos do universo se desfazem e outros começam a se estruturar, tudo está em permanente transformação. São nesses tempos de recomeço (onde se revela a má interpretação de um apocalipse) que devemos resgatar toda beleza dos tempos que se vão. Guardar em nós o que houver de mais encantador neste agora, que imediatamente se desfaz. O conhecimento do caos, acima relatado, nos ensina que, apesar de todas as atrocidades por nós cometidas, nunca deixamos de semear flores. Não perdemos a capacidade de amar e dividir, ficou em nós a memória dos canteiros adubados, e que agora esperam por novas sementes.

É intenção da CCP trilhar por esses caminhos de transição, colhendo o conhecimento que foi gerado para amadurecer a semente que será lançada no novo chão. Esses são os tempos de construir de uma memória coletiva, de depositar o que fizemos e pensamos até aqui. A CCP pode ser vista como uma pretensão, uma tentativa de resguardar o consciente coletivo, acumular as visões de mundo em combate a atual visão hegemônica do capital. Este que não pretende unir, mas unificar — o que é muito diferente — para fins de controle da memória coletiva, ou, em outras palavras, a serviço de um sistema ideológico do capital. A CCP pode ser encarada como um espaço/tempo anti-histórico, que faz resistência as relações de poder que se apropria do presente que vivemos, e nos condena ao peso do passado e ao temor do futuro. Para nós o Agora é nosso Caminho Sagrado.

Que esse consciente coletivo não nos envergonhe. Que não seja coisa manipulável, utilizado como forma de poder de um movimento de ressentidos, ou destinado a transformar-se em mercadoria. Que seja pretensão libertária. Que nos deixem pasmos diante de tamanha diversidade que a realidade comporta, que nos deixe maravilhados com a eternidade de todas as transitoriedades, que nos impulsione a melhorar o que é belo e a aprender com o que é feio. Que abra os olhos de nossas mentes a todas as possibilidades de existência que aqui pretende coexistir. Até que, enfim, encontremos as portas que nos levem a percepção de todos os universos que aqui convergem. Porque precisamos romper com o paradigma da competição, da propriedade do pensamento, do imperialismo da ciência, da exploração do trabalho, e preparar a próxima geração para os tempos em que a coexistência será uma necessidade, uma emergência de vida. Uma experiência inescapável.

Essas redes que agora nascem em todos os pontos do planeta estão se conectando, interagindo, e buscam compartilhar o conhecimento para sobreviverem ao grande desastre, ao colapso de civilização que se aproxima. Ou, mais precisamente, já está entre nós! Não se trata mais de oposição ao sistema, de luta de classes, de revolução, reforma ou revelação de algum messias. Esse tempo não mais nos pertence, já rompemos com a necessidade de impor alguma verdade. Trata-se agora da sobrevivência da espécie como entidade coletiva. Da descoberta e des(envolvimento) de um consciente coletivo que nos conduza à concepção de “todo”.

Acreditamos que devemos encarar todos os nossos erros, cometidos até aqui, como processos de aprendizagem. E não como pecado, imperfeição, ato inadequado, comportamento indesejável, coisa de bicho ou de gente que não virou gente. Somos criaturas em processo de transformação. Um eterno devir. Temos o direito ao erro na mesma proporção que temos o direito ao perdão e ao recomeço. Mas jamais devemos abrir mão da experiência, de vivenciar as coisas, de pensar e agir conforme nossos sentidos e desejos, e, depois, transformar o que nos indigna.

Aqui uma vez já foi dito que não pretendemos a perfeição. Revelar alguma verdade. Doutrinar algum caminho, ou gerar conceitos que cristalizem a passagem das coisas. Apenas oferecemos - a nós mesmos! - a possibilidade de vivenciar as coisas através de nossas próprias experiências, de trilhar nossas próprias buscas, de sermos filósofos sobre nós mesmos, e encontrarmos os caminhos da autoiluminação.

Não somos uma finalidade, um meio, um caminho. Somos tentativa direcionada. Não somos uma palavra posta, imposta, ou composta. Somos uma proposta. Não temos uma opinião formada, apenas construímos processos de formação de opiniões, e sem a finalidade impô-la como verdade. Não temos lógicas, não dependemos de respostas, pois até mesmo a ausêncianós mesmos. delas nos diz algo. Somos questionamentos! E são os questionamentos que modulam e, ao mesmo tempo, espatifam nossos corpos de plasma. A CCP desafia ninguém mais do que a nós mesmos.

Acreditamos que, ao se cooperar com a busca do conhecimento, ao se libertar a linguagemcompartilhar da sabedoria dos povos, será encontrado o ponto onde tudo converge. Onde tudo pode ser equilíbrio. Mas é preciso, antes de tudo, não temer ao caos. Aceitar a existência de suas dualidades positivas e negativas, e compreender que o conjunto dessas dualidades configura a força original do universo. Não temer ao caos significa não fugir ao desafio de ver, ouvir e sentir o “outro”, como se fossemos “nós” mesmos... É preciso aprender a enfrentar as nossas próprias ilimitações, e encontrar o caminho do meio
das relações de poder, e ao através da balança do caos!

Que o Caos esteja conosco...

CCP

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